Rede de pesquisa sobre desigualdades sociais interdependentes na América Latina: estruturas e negociações - desiguALdades.net (Fase 2)

O projeto “Desigualdades sociais interdependentes na América Latina”, desiguALdades.net (link externo, abre uma nova janela), é uma rede de pesquisa internacional, interdisciplinar e multi-institucional. Desde 2009, a rede conta com apoio financeiro do Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) no âmbito da rubrica “Reforço e desenvolvimento dos estudos regionais”. Na 2° fase do fomento (01/05/14 a 30/04/16), a rede será ampliada no programa "Pesquisa sobre as desigualdades na América Latina: estruturas e negociações".

DesiguALdades.net investiga as desigualdades sociais na América Latina caracterizadas por crescentes interdependências globais. A rede está representada por especialistas da pesquisa sobre desigualdades que trabalham em instituições universitárias e não universitárias na América Latina, América do Norte e Europa. Desse modo, os estudos regionais e a pesquisa sobre as desigualdades são interligados a partir de diversas perspectivas disciplinares. As linhas de pesquisa, até agora realizadas separadamente, são reunidas e o intercâmbio científico transatlântico se expande.

No âmbito da primeira fase do fomento (2009-2014), o foco estava voltado para a estruturação global e as várias dimensões das desigualdades sociais na América Latina. O subprojeto do Instituto Ibero-Americano questiona a dimensão ambiental das desigualdades sociais na América Latina. Assim, os debates provenientes da pesquisa ambiental no campo das ciências sociais (especialmente da ecologia política) puderam ser trazidos para a pesquisa sobre as desigualdades. Além disso, foi possível destacar o aspecto pluridimensional das desigualdades sociais (além da desigualdade econômica, também a política e cultural). Com base na análise de uma ampla gama de fenômenos relativos ao acesso global à terra e aos recursos naturais na América Latina (agronegócio, mudança do clima, mineração, turismo global, etc.), destacaram-se as interdependências transregionais. Constituíram temas centrais as desigualdades no acesso e controle da terra e recursos naturais, como também na distribuição dos lucros, custos e riscos.

Na segunda fase do fomento (2014 - 2016), o foco está nas discrepâncias entre a estruturação global das desigualdades sociais e a negociação de possibilidades efetivas para a questão das desigualdades, a qual ocorre principalmente nas arenas políticas nacionais e subnacionais.

O Instituto Ibero-Americano coordena, nesse sentido, dois pacotes de trabalho complementares. Por um lado, é realizado um trabalho de síntese da valoração global da natureza que resumirá as especificidades das desigualdades socioecológicas. É tratada a questão de como marcos jurídicos e políticas setoriais heterogêneas com objetivos diversos possibilitam ou restringem a incorporação da utilização de recursos em cadeias de produção globais. São identificadas as arenas típicas da negociação de conflitos socioecológicos.

Por outro lado, é realizado um estudo aprofundado sobre as cadeias de valor globais na área extrativista e sobre as desigualdades sociais, com base no exemplo da mineração de lítio no Chile e Argentina. Nos últimos anos, o extrativismo mineral tem tido uma grande participação na dinâmica de crescimento de muitos países latino-americanos, mas ele acarreta contradições com dimensões globais nas relações sociedade-natureza. A extração de lítio, por exemplo, associa de modo contraditório uma visão de eletromobilidade “verde” para elites globais com o estilo de vida camponês das populações locais, para as quais a extração de lítio significa uma perda possivelmente irreversível de sistemas ecológicos e recursos naturais, também para as futuras gerações.